CENTRO ESPÍRITA SÃO FRANCISCO DE ASSIS

END.: Rua Miguel Pereira, s/n - Retiro.

(ao lado da Rua Pinheiral, paralela com a Av. Retiro)

Reunião: toda 5ª feira às 19 horas

Após a subida íngreme, lá está o Centro Espírita São Francisco de Assis, tímido entre as casas, mas não por isso menos importante ou imponente. Ao entrarmos pelo portão estreito de ferro logo somos tomados pelo cheiro agradável das plantas e ervas que nos recebem e nos levam até a escada que conduz à um andar mais alto _ onde é o salão principal. Salão grande e simples, mas muito acolhedor e simpático; assim como os trabalhadores da casa, que recebem a todos com carinho. Já na entrada vemos o mural com mensagens bonitas e a mesa que ampara uma caixinha de madeira, onde ficam expostos os números para os consulentes (uma espécie de senha). As pessoas que chegam à casa assinam o livro de presença e já pegam o número que simboliza a vez do atendimento, geralmente muito aguardado. Quando o relógio soa 19 horas já sabe-se do início dos trabalhos e o defumador começa a harmonizar o ambiente. O terreiro conta com 4 médiuns na corrente e 2 cambonos, liderados pela dirigente Ignes _ que passou a ter este cargo e responsabilidade após receber esta incumbência do dirigente anterior, que precisou se afastar por motivo de idade avançada e doença. Fundado desde 1958, e federado como instituição formal e legalizada que é, este terreiro com certeza já acolheu muitos corações e muitas dores. Ainda hoje, com muito brilho, permanece fiel aos trabalhos de caridade que realiza.

Começa então a gira de Ogum, que sempre acontece no ínicio de cada reunião, após preces, cruzamento dos filhos com pemba e pontos de abertura. Não há atabaques, mas há beleza e fé, na firmeza com que os pontos são entoados. No congá está Oxalá acima e abaixo Iemanjá entre as espadas de Ogum. No Otá vê-se Xangô e velas de firmeza da casa. Há um ponto riscado no chão, em frente ao congá, feito pela dirigente antes do início da gira, que é saudado por todos os guias e orixás que ali chegam.

Toda última 5ª feira do mês a gira é de caboclo e ao final dos atendimentos, faz-se a gira de esquerda. Nas outras semanas os trabalhos são realizados pelos pretos-velhos e crianças. Lá encontramos Vovó Cambinda, Pai Benedito, Jurema, Mariazinha, Doum e outros... O trabalho é de caridade, não havendo prática de matança, oferenda, amalá, despacho, fundango, amaci, ou qualquer outro ritual.

Toda pessoa que chega ao terreiro é recebida pelas entidades, e só quando o último é atendido é que se encerra a gira. As entidades falam com tanta tranquilidade e tolerância às nossas carências, que parecem não se importar com o tempo. Os dias festivos de Preto-velho e Erê são comemorados com comida servida à assistência e costumam, por isso, ser dias muito alegres.

Ao final dos trabalhos realizados no dia, as portas se fecham, as velas queimam e todos voltam para suas casas, mas somente até a próxima semana, onde toda a magia se reinicia num ciclo constante.