
Rodrigo Queiroz nasceu em berço católico e na adolescência se tornou protestante. No Espiritismo buscou respostas para os fatos da vida e da natureza estudando no Curso de Orientação e Educação Mediúnica (COEM) e cursando Espiritismo Científico com Dr. Hernani Guimarães, mas foi apenas na Umbanda que as encontrou. Dedicando-se à mediunidade, criou, aos 17 anos, o Jornal de Umbanda Sagrada, hoje o maior veículo de informações doutrinárias sobre a Umbanda. Em 2001, inaugurou uma unidade do Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito de Aruanda em Bauru, interior paulista, lecionando Teologia de Umbanda Sagrada, e se tornou diretor do Colégio de Umbanda Sagrada Pai Zuluá de Aruanda. Em 2003, começou a ministrar os cursos iniciáticos de Sacerdócio de Umbanda Sagrada e de Magia das Oferendas. Em 2004, formou uma turma de Teologia de Umbanda Sagrada em Assunção, no Paraguai, e fundou o Instituto Cultural Aruanda, que abriga o Templo Escola Umbanda Sagrada. No mesmo ano, iniciou psicografias, sustentado por Pai Zuluá de Aruanda, que trouxeram vários livros com a sua assinatura e textos ditados por diversos espíritos amigos. Em 2005, inaugurou a TV e a Rádio Umbanda Sagrada; em 2006, fundou o primeiro Colégio de Umbanda Sagrada com cursos on-line pela internet, disponibilizando os ensinamentos do Colégio para todo o mundo. Em 2007, criou a Revista Umbanda Sagrada, com distribuição nacional. Atualmente, ministra cursos e palestras tendo como ideal o esclarecimento e a unificação da comunidade umbandista. Rodrigo Queiroz se destaca como um ícone de desbravamento e recolocação da Umbanda no contexto social ordenado e desmistificado. Profissionalmente Rodrigo Queiroz atua como professor de Filosofia e Sociologia.
NA SUA OPINIÃO...
ANAUÊ: Na Umbanda, crianças participam de educação mediúnica?
PAI RODRIGO: Em nosso Templo, desenvolvemos à alguns anos um trabalho de Formação Religosa Infantil, num ambiente próprio e separado das atividades do desenvolvimento mediúnico.A criança entre 3 e 10 anos não precisa entender sistematicamente a mediunidade e nossa Teologia. Nesta fase precisa ser orientada sobre valores que norteiam nossa fé, convivência social e de maneira lúdica aprender sobre as Divindades que atuam neste Universo.
ANAUÊ: Há alguma perspectiva do astral para que um novo arquétipo espiritual se apresente na Umbanda?
PAI RODRIGO: Em 1908, quando fundou-se a Umbanda, o arquétipo padrão era Caboclo e Preto Velho, algum tempo depois aparece Exu e ao longo deste primeiro século, muitos outros agrupamentos espirituais agregaram-se ao Movimento Umbanda Astral. Tudo está em constante transformação e formatação, de modo que logo mais veremos novos arquétipos se apresentando aos terreiros, fruto do constante movimento cultural e consciencial que vivemos.
ANAUÊ: As entidades e/ou guias que "trabalham" pelo intermédio de um médium podem deixar de fazê-lo por algum motivo? PAI RODRIGO: Podem sim. Primeiramente é fundamental entender que não somos proprietários das entidades, somos amigos, companheiros e tutelado por uns e outros. Estamos abaixo deles. Como em qualquer relação social, se você não se esforça em cativar e justificar a companhia dos seus amigos, certamente será abandonado. O trabalho mediúnico exije disciplina, resignação e constante aprimoramento comportamental, consciencial e emocional, para que justifiquemos nosso processo evolutivo. Caso o indivíduo opte por um caminho contrário a isso, nada justifica um Caboclo, Preto Velho ou mesmo Exu, sustentar vibratóriamente este indivíduo.
ANAUÊ: Há possibilidade de que guias que militem na Umbanda possam ainda reencarnar?
PAI RODRIGO: O ciclo reencarnacionista não é uma exata. Apesar de as entidades da direita na Umbanda estarem muitíssimo evoluídas nada impede que venham a reencarnar.
ANAUÊ: Por que muitos umbandistas ainda temem o preconceito?
PAI RODRIGO: Penso que cada caso é um caso. Existe o medo de perder o emprego, medo de ser excluído socialmente, perdendo amizades, enfim. O preconceito é uma chaga aberta e dolorida em nosso meio religioso, no o fiel que determina o tamanho que este vulto terá em sua vida, a partir do seu comportamento associado à imagem que você transmite da sua religião.
ANAUÊ: Muitas pessoas trabalham em casa mediunizadas com entidades de Umbanda, sem nunca terem frequentado um terreiro. Como a Umbanda vê essa prática?
PAI RODRIGO: Falar pela Umbanda é algo que não me compete. No entanto meu posicionamento sobre isso é claro: espíritos de luz tem hora, objetivo e lugar para se manifestar. Agora, se existe um hábito de trabalhar rotineiramente em casa, não há nada de errado. Assim nasce a maioria dos terreiros.
ANAUÊ: Considerando que na Umbanda as incorporações acontecem de maneira mais "agitada", seria possível que um médium portador de necessidades especiais, como um cadeirante, viesse a "trabalhar" na Umbanda?
PAI RODRIGO: SIM! Em maiúsculo mesmo, em breve publicarei um livro que trata deste assunto inclusive. Nada impede um indivíduo com limitações físicas de intermediar uma comunicação espiritual e naturalmente a entidade sabe com quem lida e procederá sua incorporação de maneira equilibrada e coerente. Parece-me que veremos num futuro próximo, cadeirante, deficiente visual, enfim, compondo as correntes mediúnicas, quando isso tornar-se uma realidade, entenderemos de fato que a Umbanda é a manifestação do espírito e não a fantasia anímica.
ANAUÊ: É possível que o médium doutrine seu guia, se e quando necessário?
PAI RODRIGO: Veja quão contraditório é este termo: "Doutrinar o Guia", como um aprendiz de motorista pode ensinar seu instrutor a dirigir? Guia já diz tudo, aquele que está apto a nos orientar e conduzir, não o contrário.Podemos orientar espíritos sem esclarecimentos, mas, doutrinar o guia não, então este não é guia.
ANAUÊ: Qual o objetivo social e religioso da Umbanda?
PAI RODRIGO: Socialmente a Umbanda é o reflexo da cultura brasileira, com toda sua brasilidade, manifestada religiosamente. A Umbanda fala ao coração de todos, fala ao Dr., ao intelectual ao mesmo tempo que abriga o iletrado, o abandonado social. Para cada fragmento da sociedade, a Umbanda tem um arquétipo espiritual para manifestar a identidade do outro. Afim de que seja a religião universal que é. Como toda religião sua função religiosa é religar os seres ao Criador através da evolução espiritual.
ANAUÊ: Há um "culpado" para que, ainda hoje, a Umbanda sofra com a intolerância religiosa, como uma cultura preconceituosa, ou não, é um processo que se desenvolve por conta da postura dos próprios umbandistas que não se assumem como tal em favor da desmistificação?
PAI RODRIGO: Esta realidade que vivemos é um amálgama de situações, onde o Umbandista tem sua parcela de culpa por omissão, mas temos os neopentecostais que faz um uso abusivo da mídia para demonizar nossa fé e principalmente temos os charlatões que usam nossa religião e alimenta toda esta situação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS DE PAI RODRIGO: Quero parabenizar a equipe do blog. São iniciativas como estas que determinam o futuro da religião. A informação e a divulgação dos saberes são fundamentais para reorganizar a nossa religião socialmente.Umbanda é mais que uma religião, é um ideal de religião!Abraços.
Obrigado, Pai Rodrigo!