quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

NA SUA OPINIÃO com PAI RODRIGO QUEIROZ


Rodrigo Queiroz nasceu em berço católico e na adolescência se tornou protestante. No Espiritismo buscou respostas para os fatos da vida e da natureza estudando no Curso de Orientação e Educação Mediúnica (COEM) e cursando Espiritismo Científico com Dr. Hernani Guimarães, mas foi apenas na Umbanda que as encontrou. Dedicando-se à mediunidade, criou, aos 17 anos, o Jornal de Umbanda Sagrada, hoje o maior veículo de informações doutrinárias sobre a Umbanda. Em 2001, inaugurou uma unidade do Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito de Aruanda em Bauru, interior paulista, lecionando Teologia de Umbanda Sagrada, e se tornou diretor do Colégio de Umbanda Sagrada Pai Zuluá de Aruanda. Em 2003, começou a ministrar os cursos iniciáticos de Sacerdócio de Umbanda Sagrada e de Magia das Oferendas. Em 2004, formou uma turma de Teologia de Umbanda Sagrada em Assunção, no Paraguai, e fundou o Instituto Cultural Aruanda, que abriga o Templo Escola Umbanda Sagrada. No mesmo ano, iniciou psicografias, sustentado por Pai Zuluá de Aruanda, que trouxeram vários livros com a sua assinatura e textos ditados por diversos espíritos amigos. Em 2005, inaugurou a TV e a Rádio Umbanda Sagrada; em 2006, fundou o primeiro Colégio de Umbanda Sagrada com cursos on-line pela internet, disponibilizando os ensinamentos do Colégio para todo o mundo. Em 2007, criou a Revista Umbanda Sagrada, com distribuição nacional. Atualmente, ministra cursos e palestras tendo como ideal o esclarecimento e a unificação da comunidade umbandista. Rodrigo Queiroz se destaca como um ícone de desbravamento e recolocação da Umbanda no contexto social ordenado e desmistificado. Profissionalmente Rodrigo Queiroz atua como professor de Filosofia e Sociologia.
NA SUA OPINIÃO...
ANAUÊ: Na Umbanda, crianças participam de educação mediúnica?
PAI RODRIGO: Em nosso Templo, desenvolvemos à alguns anos um trabalho de Formação Religosa Infantil, num ambiente próprio e separado das atividades do desenvolvimento mediúnico.A criança entre 3 e 10 anos não precisa entender sistematicamente a mediunidade e nossa Teologia. Nesta fase precisa ser orientada sobre valores que norteiam nossa fé, convivência social e de maneira lúdica aprender sobre as Divindades que atuam neste Universo.
ANAUÊ: Há alguma perspectiva do astral para que um novo arquétipo espiritual se apresente na Umbanda?
PAI RODRIGO: Em 1908, quando fundou-se a Umbanda, o arquétipo padrão era Caboclo e Preto Velho, algum tempo depois aparece Exu e ao longo deste primeiro século, muitos outros agrupamentos espirituais agregaram-se ao Movimento Umbanda Astral. Tudo está em constante transformação e formatação, de modo que logo mais veremos novos arquétipos se apresentando aos terreiros, fruto do constante movimento cultural e consciencial que vivemos.
ANAUÊ: As entidades e/ou guias que "trabalham" pelo intermédio de um médium podem deixar de fazê-lo por algum motivo? PAI RODRIGO: Podem sim. Primeiramente é fundamental entender que não somos proprietários das entidades, somos amigos, companheiros e tutelado por uns e outros. Estamos abaixo deles. Como em qualquer relação social, se você não se esforça em cativar e justificar a companhia dos seus amigos, certamente será abandonado. O trabalho mediúnico exije disciplina, resignação e constante aprimoramento comportamental, consciencial e emocional, para que justifiquemos nosso processo evolutivo. Caso o indivíduo opte por um caminho contrário a isso, nada justifica um Caboclo, Preto Velho ou mesmo Exu, sustentar vibratóriamente este indivíduo.
ANAUÊ: Há possibilidade de que guias que militem na Umbanda possam ainda reencarnar?
PAI RODRIGO: O ciclo reencarnacionista não é uma exata. Apesar de as entidades da direita na Umbanda estarem muitíssimo evoluídas nada impede que venham a reencarnar.
ANAUÊ: Por que muitos umbandistas ainda temem o preconceito?
PAI RODRIGO: Penso que cada caso é um caso. Existe o medo de perder o emprego, medo de ser excluído socialmente, perdendo amizades, enfim. O preconceito é uma chaga aberta e dolorida em nosso meio religioso, no o fiel que determina o tamanho que este vulto terá em sua vida, a partir do seu comportamento associado à imagem que você transmite da sua religião.
ANAUÊ: Muitas pessoas trabalham em casa mediunizadas com entidades de Umbanda, sem nunca terem frequentado um terreiro. Como a Umbanda vê essa prática?
PAI RODRIGO: Falar pela Umbanda é algo que não me compete. No entanto meu posicionamento sobre isso é claro: espíritos de luz tem hora, objetivo e lugar para se manifestar. Agora, se existe um hábito de trabalhar rotineiramente em casa, não há nada de errado. Assim nasce a maioria dos terreiros.
ANAUÊ: Considerando que na Umbanda as incorporações acontecem de maneira mais "agitada", seria possível que um médium portador de necessidades especiais, como um cadeirante, viesse a "trabalhar" na Umbanda?
PAI RODRIGO: SIM! Em maiúsculo mesmo, em breve publicarei um livro que trata deste assunto inclusive. Nada impede um indivíduo com limitações físicas de intermediar uma comunicação espiritual e naturalmente a entidade sabe com quem lida e procederá sua incorporação de maneira equilibrada e coerente. Parece-me que veremos num futuro próximo, cadeirante, deficiente visual, enfim, compondo as correntes mediúnicas, quando isso tornar-se uma realidade, entenderemos de fato que a Umbanda é a manifestação do espírito e não a fantasia anímica.
ANAUÊ: É possível que o médium doutrine seu guia, se e quando necessário?
PAI RODRIGO: Veja quão contraditório é este termo: "Doutrinar o Guia", como um aprendiz de motorista pode ensinar seu instrutor a dirigir? Guia já diz tudo, aquele que está apto a nos orientar e conduzir, não o contrário.Podemos orientar espíritos sem esclarecimentos, mas, doutrinar o guia não, então este não é guia.
ANAUÊ: Qual o objetivo social e religioso da Umbanda?
PAI RODRIGO: Socialmente a Umbanda é o reflexo da cultura brasileira, com toda sua brasilidade, manifestada religiosamente. A Umbanda fala ao coração de todos, fala ao Dr., ao intelectual ao mesmo tempo que abriga o iletrado, o abandonado social. Para cada fragmento da sociedade, a Umbanda tem um arquétipo espiritual para manifestar a identidade do outro. Afim de que seja a religião universal que é. Como toda religião sua função religiosa é religar os seres ao Criador através da evolução espiritual.
ANAUÊ: Há um "culpado" para que, ainda hoje, a Umbanda sofra com a intolerância religiosa, como uma cultura preconceituosa, ou não, é um processo que se desenvolve por conta da postura dos próprios umbandistas que não se assumem como tal em favor da desmistificação?
PAI RODRIGO: Esta realidade que vivemos é um amálgama de situações, onde o Umbandista tem sua parcela de culpa por omissão, mas temos os neopentecostais que faz um uso abusivo da mídia para demonizar nossa fé e principalmente temos os charlatões que usam nossa religião e alimenta toda esta situação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS DE PAI RODRIGO: Quero parabenizar a equipe do blog. São iniciativas como estas que determinam o futuro da religião. A informação e a divulgação dos saberes são fundamentais para reorganizar a nossa religião socialmente.Umbanda é mais que uma religião, é um ideal de religião!Abraços.
Obrigado, Pai Rodrigo!

7 comentários:

  1. Oi, parabéns pela entrevista.
    Pai Rodrigo é uma inspiração para nós.

    Axé

    Luzia Margentini

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  2. Gostei muito da entrevista e queria saber como a gente faz para ficar sabendo do lançamento do livro que o Pai Rodrigo mencionou. Eu não sou da Umbanda, mas me interesso pelo assunto. Obrigada.

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  3. Gostei muito da entrevista do Pai Rodrigo. Me identifico com seu percurso. Fui protestante por muitos anos e hj integro o Terreiro do Pai Maneco. Além disso sou psicanalista, professora e mestranda em Filosofia. Sao varias frentes diferentes,mas que podem contribuir muito para a umbanda. Interessante saber que também atravessa varios rios. Também muito ponderadas suas considerações. Um abraco e muito axé a todos. Desirée

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  4. Olá Vivian, fantástico seu trabalho, tenho gostado muito do modo como aborda o assunto Umbanda, bandeira que tanto amo!!! Amei todas entrevistas, deixo aqui meu abraço e meu incentivo para que continue na luta! beijos, Rose - Templo de Umbanda Luz Divina.

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  5. Gosto muito das palestras das orientações de pai Rodrigo continue sempre assim parabens.

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  6. Eu fiquei surpreendido com o tamanho conhecimento e paz que o Pai Rodrigo me passou em palestras assistidas por mim vai internet. Gostaria muito de ir em uma palestra dele pessoalment, apesar de eu morar no RJ. Obrigado pela sua caridade de esclarecimento e orientação. Gustavo Ribeiro

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  7. Pai Rodrigo: tão jovem, tão consciente, tão ativo..realmente um grande enviado, um mensageiro imprescindível à causa Divina...amor, tolerância, caridade, união...

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